Através de uma pesquisa realizada
entre seus colaboradores em todo o mundo, a iFFHS (Federação Internacional de
História e Estatística do Futebol) elegeu os melhores jogadores do século XXI
em cada posição. Os dez primeiros goleiros
da lista foram: 1º - Gianluigi Buffon (Itália); 2º - Iker Casillas (Espanha);
3º - Petr Cech (República Tcheca); 4º - Edwin van der Sar (Holanda); 5º -
Oliver Kahn (Alemanha); 6º - Dida (Brasil); 7º - Victor Valdés (Espanha); 8º -
Júlio César (Brasil); 9º - Jens Lehmann (Alemanha); 10º - Pato Abbondanzieri
(Argentina). Rogério Ceni aparece em 13º lugar e, pasmem, Marcos, somente em
32º lugar.
Algumas observações sobre esta
votação precisam ser feitas. Primeiro que uma pesquisa que tem entre os dez
primeiros colocados somente jogadores que atuam – ou já atuaram – na Europa é
questionável. Segundo que uma instituição que se intitula de “História e
Estatística do Futebol” elaborar uma pesquisa para eleger os melhores goleiros
do século XXI é muito limitada.
Quantos goleiros excelentes
ficaram mal posicionados nesta lista simplesmente por não jogarem na Europa? Todos
sabem que a Europa passa por uma crise econômica seríssima que já está se
refletindo no futebol. Muito em breve o velho continente poderá deixar de ser a
vitrine do futebol mundial. É preciso lembrar mais do restante do mundo e olhar
menos para o próprio quintal. Afinal, são os demais continentes que nutrem o
tão badalado futebol europeu com craques muito melhores que os próprios
europeus. Não estou querendo dizer com isso que lá na Europa não surjam bons
jogadores, mas a maioria dos grandes nomes surgem nos outros continentes. E
mais: se queriam eleger os melhores do século XXI, que fosse feita uma pesquisa
para eleger os melhores de toda a história do futebol também. Afinal, tem muito
jogador que ficou entre os primeiros que ao longo da história nem entraria na
lista dos 100 melhores.
Por isso tudo e muito mais que eu
faço justiça aqui e relembro alguns nomes que mereciam figurar em uma votação
mais completa e honesta. Vou me limitar aos goleiros por dois motivos: iria me
delongar demais para falar dos grandes jogadores da história do futebol em
todas as posições e por ser a posição de goleiro a minha favorita, haja vista
já ter vestido a camisa um em escolinhas de futebol e também na várzea.
Minha lista começa com nada mais
nada menos que Lev Yashin. Também conhecido como Aranha Negra, o goleiro da
extinta União Soviética é ainda hoje considerado um dos melhores do mundo. O reconhecimento
é tamanho que a FIFA deu seu nome ao prêmio dado ao melhor goleiro de uma Copa
do Mundo (hoje o prêmio se chama Luvas de Ouro). Jogou as Copas do Mundo de 1958,
1962, 1966 e 1970, foi medalha de ouro nas Olimpíadas de 1956 e ganhou a
Eurocopa de 1960. É o único goleiro em toda a história a ganhar a Bola de Ouro
da France Football.
Em segundo menciono o alemão Sepp
Maier. Seu maior feito? Parou o Carrossel Holandês com defesas espetaculares na
final da Copa do Mundo de 1974, quando a Alemanha Ocidental se tornou bicampeã
do mundo. Atuou durante toda a carreira apenas em um clube: o Bayern de
Munique. Entre os vários títulos que conquistou, além da Copa do Mundo de 1974,
estão a Eurocopa de 1972, o Mundial Interclubes de 1976 e três Ligas dos Campeões
da UEFA (1974, 75 e 76). É considerado o melhor goleiro alemão de todos os
tempos.
Merece o terceiro lugar o goleiro
Bicampeão do Mundo em 1958 e 62 ao lado de Pelé, Garrincha e outros grandes nomes:
Gylmar. É um dos goleiros mais vencedores da história do futebol Brasileiro, conhecido
por ter sido campeão de tudo, por ter vencido pelo menos uma vez cada
campeonato do qual participou. Entre os grandes títulos que conquistou estão
também duas Libertadores das Américas e dois Mundiais Interclubes (1962 e 63).
Uma curiosidade: na Copa do Mundo de 1958 jogou com a camisa nº 3.
Em quarto está o brilhante
Taffarel. Atuou em três Copas do Mundo pela Seleção Brasileira (1990, 94 e 98),
num total de 104 partidas oficiais, tendo sagrando-se campeão em 1994 ao lado
de Romário, Bebeto e Dunga. Especialista em defender pênaltis, o que lhe rendeu
um bordão do narrador Galvão Bueno – “Vai que é sua Taffarel” – defendeu o
Internacional (RS), Parma, Reggiana, Atlético Mineiro e Galatasaray. Em seu
vasto currículo de títulos possui duas copas da Itália (1992 e 2002), uma copa
da UEFA (2000) além de duas Copas América (1989 e 1997).
O quinto lugar eu reservo para
Dino Zoff, considerado o melhor goleiro italiano de todos os tempos. Atuando
pela Juventus, chegou a ficar 903 minutos sem levar gol. Em jogos
internacionais ficou mais tempo ainda invicto: 1.143 minutos. Foi campeão do
mundo em 1982, da Eurocopa em 1968, da Copa da UEFA em 1977, seis vezes campeão
italiano entre tantos outros títulos.
No sexto lugar de minha lista
figura Gordon Banks. Foi uma das principais peças da conquista da Copa do Mundo
de 1966 pela Inglaterra, além de ter protagonizado, em 1970, uma das defesas
mais espetaculares em Copas do Mundo, ao defender uma cabeçada de Pelé.
O sétimo da lista é o argentino Fillol.
Campeão do mundo em 1978, jogando em casa. Conhecido como “El Pato” jogou no
River Plate, Quilmes, Racing, Argentinos Juniors, Vélez Sarsfield e também pelo
Flamengo. Além de campeão do mundo, conquistou o Campeonato Argentino quatro
vezes, uma taça Guanabara, uma Taça Rio, entre tantos outros títulos.
Outro argentino também figura
nesta lista, em oitavo lugar. Seu nome é Goycochea. Foi um goleiro vencedor,
tendo conquistado 18 títulos ao todo em sua carreira, com destaque para a
Libertadores das Américas (1986 – River Plate) e duas Copas América (1991 e
93).
Em nono lugar não poderia deixar
de figurar o grande Raul. Iniciou sua carreira no Atlético Paranaense,
transferindo-se posteriormente para o São Paulo, mas alcançou o sucesso de fato
jogando pelo Cruzeiro e Flamengo. Grande colecionador de títulos, foi
tetracampeão brasileiro, campeão da Libertadores da América e do Mundial
Interclubes (1981).
O décimo da lista é outro
soviético: Dasaev. Foi o sucessor de Lev Yashin na Seleção Soviética. Jogou as
copas de 1982 e 86. Dotado de grande impulsão, reflexo e agilidade, foi
apelidado de “goleiro impossível”, tendo se tornado o grande pesadelo da
seleção brasileira na estreia da
copa de 1982, com defesas incríveis. É considerado um dos três maiores
futebolistas da história soviética.
Na décima primeira colocação mais
um grande goleiro da escola alemã: Schumacher. Defendeu a Seleção Alemã em duas
finais de Copa do Mundo (1982 e 1986), sagrando-se vice-campeão. Conquistou a
Eurocopa de 1980, mas um triste episódio ocorrido na copa de 1982 marcou para
sempre sua carreira: uma violenta entrada no jogador francês Battiston, nas
semifinais, causando-lhe uma concussão cerebral, fratura de duas vértebras (que
não deixaram sequelas) e a perda de três dentes.
Muito antes de Casillas e Valdes
brilharem no Real Madrid e no Barcelona, respectivamente, além da seleção nacional,
o espanhol Zubizarreta já brilhava em campo pela “Fúria”. Por isso mereceu a
décima segunda posição. Assim como os demais da lista, também foi um goleiro
vencedor, tendo como principais títulos seis Ligas Espanholas, três Copas do
Rei e uma UEFA Champions League, jogando pelo Athletic Bilbao e pelo Barcelona.
Já a décima terceira colocação
fica com o paraguaio Chilavert. Exímio cobrador de faltas, também batia
pênaltis. Apesar da nacionalidade paraguaia, alcançou o sucesso jogando na
Argentina, pelo Vélez Sarsfield, onde se sagrou campeão argentino quatro vezes,
além de conquistar uma Libertadores e um Mundial Interclubes. Na copa de 1998,
atuando ao lado de Gamarra, pela Seleção Paraguaia, foi desclassificado nas
quartas de final tendo sofrido apenas dois gols em toda a competição.
No Décimo quarto lugar não
poderia deixar de figurar o goleiraço Manga. Iniciou sua carreira no Sport
Recife e atuou também pelo Botafogo, Nacional do Uruguai, Internacional (RS),
Grêmio, Coritiba e Barcelona de Guayaquil. É o jogador brasileiro que mais
participou da Copa Libertadores da América. Foi o Goleiro da Seleção Brasileira
na Copa do Mundo de 1966 na Inglaterra.
Em décimo quinto lugar não
poderia faltar argentino naturalizado colombiano chamado Higuita. Merece estar
nesta lista por ter protagonizado uma das defesas mais bizarras da história das
Copas do Mundo, no mundial de 1990, contra a Inglaterra, ao se jogar para
frente, dando um “peixinho”, e rebater a bola de calcanhar. Batizou sua jogada
de “defesa do escorpião”. Folclórico, também foi um colecionador de títulos,
tendo conquistado uma Libertadores da América.
Estes são os meus preferidos. É
claro que não são unanimidade, pois muitos outros poderiam estar nesta lista,
afinal, cada um tem a sua preferência. Também me limitei aos goleiros do século
passado, pois os mais recentes já foram lembrados pela votação da Iffhs. Por
isso, comente, liste os seus preferidos de todos os tempos e ajude a lembrar
dos grandes nomes que defenderam o gol ao longo de toda a história do futebol
mundial.